[Resenha] Sombras de Si Mesmo - Brandon Sanderson

E mais uma vez Brandon Sanderson arrasou ao criar um livro recheado de ação, suspense, adrenalina e plot-twists, com revelações chegando em avalanches inesperadas e destrutivas. Usando um tom mais sério e sombrio, a trama é intrincada, e Wax, Wayne e Marasi precisam lidar com um assassino que quer desestabilizar não só o governo de Elendel, mas toda a cidade.

Mesmo após ser recriado por Sazed, o mundo está longe de ser perfeito. Se a terra na Bacia é perfeitamente fértil, por que tantos passam fome? A invenção da eletricidade significa jornadas de trabalho mais longas, a desigualdade se torna cada vez mais gritante e, com cada vez mais indignação, o povo questiona os privilégios da nobreza. Todo esse clima de revolta combinou bem com o momento de amadurecimento da sociedade, dando pano para os acontecimentos e espelhando nosso próprio cenário pós-Revolução Industrial.

Os personagens, por sua vez, são complexos, intrigantes e não deixam a desejar. Aradel e Steris, em especial, são marcantes mesmo com pouco tempo de cena, enquanto a antagonista foi incrivelmente bem construída. MeLaan, com seu jeitão extrovertido, cativante e animado, me conquistou desde a primeira aparição e é a minha favorita entre todos os personagens novos. A reaparição de alguns personagens clássicos também trouxe uma certa nostalgia e estreitou as relações com acontecimentos passados, mas sem tirar a originalidade e o destaque continua no trio de heróis. 

É o que acontece quando se tem a eternidade, criança - comentou MeLaan. - Fica muito mais fácil procastinar. 

Wax está mais sério, bruto até, seguindo o rastro de seu tio e com um final que promete grandes transtornos na vida do personagem. Apesar de ser perspicaz e emocional, seu momento de brilhar é nas cenas de ação e, sendo sincera, toda essa vibe de justiceiro sombrio me lembrou um pouco o Batman. Wayne começa a ter seu passado e motivações explorados, mas sem perder seu sarcasmo típico, o que eu achei incrível. As cenas de interação entre ele e a MeLaan são simplesmente deliciosas de ler, o concurso de arrotos foi o auge KKKKK

Wayne não perdeu o posto de personagem favorito, mas confesso que Marasi foi a grande estrela do livro e ganhou meu coração. Inventiva, metódica e empenhada, ela é a idealista do grupo e nos mostra página após página que a sociedade pode ser melhor se trabalharmos para isso. Largar a carreira de advocacia para se tornar policial gerou um grande amadurecimento na personagem, assim como lidar com resistência e menosprezo de seus colegas de trabalho por ser mulher e ter sangue nobre (ainda que bastardo), mesmo sendo uma investigadora capaz e qualificada. Ao mesmo tempo, Marasi se ressente de Wax por sempre tentar protegê-la e se distanciar o que, para mim, ainda tem muito potencial para ser explorado.

Sombras de Si Mesmo aprofunda aspectos apresentados anteriormente e, indo em direções inesperadas, te prende do início ao fim.  A narrativa assumiu um tom mais sombrio, conseguindo manter a seriedade e aprofundar a trama sem perder o tom irreverente. O único ponto “negativo” é o começo mais morno, enrolado até um pouco antes da metade, mas entendo que foi necessário para a história ter um bom desenvolvimento. A partir do momento que começam as revelações, te garanto que será impossível parar de ler. 

Não sou a mão de Harmonia - sussurou Wax. - Sou Sua espada.


PS: AI MEU DEUS, O QUE FOI AQUELE EPÍLOGO??? Confesso que escrevi essa resenha meio correndo pra poder começar o próximo ainda hoje kkkk


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