[Resenha] Floresta dos Medos - Emily Carroll

Trazida a vida pelas mãos de Emily Carroll, Floresta dos Medos é uma sombria e bizarra graphic composta por cinco contos. Cada um deles tem um ar rústico, medieval, que nos transporta para outras vidas e épocas.

A floresta é a liga entre as histórias, um elemento em comum, e atua quase como um personagem. Direta ou indiretamente, ela age como o medo: ainda que você não entre em seus domínios, ela sempre estará a espreitar no horizonte, observando seus atos. Até onde o medo pode nos levar? Quão fundo podemos adentrar em sua floresta? Somos prisioneiros de nossos próprios medos infundados ou tudo é real? O sussurro da floresta nos atrai, somos guiados por mãos incertas e, mesmo com nossos temores à espreita, permanecemos curiosos pelo que nos espera.

Cada um dos contos possui uma espécie de moral, assim como as antigas fábulas. A diferença é que aqui a moral é sempre sombria, deixa um tom de agonia no ar. De um jeito enigmático e singular, todas as histórias têm seu charme. Mas, se tivesse que escolher, diria que meu conto favorito foi “As mãos de uma moça são frias”, aparentemente inspirado em “Barba Azul”. As cores têm um papel importante para o clima de bizarrice, ora iluminando os perigos e ora deixando-os nas sombras, à mercê de nossa imaginação. O traço também é determinante para as personagens, cada uma com seus próprios medos e demônios.

Minha primeira experiência com graphic novels de terror foi boa, mas diferente do que eu esperava. A leitura foi muito rápida – ainda bem que ganhei o livro de brinde em uma promoção da editora KKKK – mas eu já esperava por isso. O que me surpreendeu foi a falta de “terror”, a leitura não me deixou com medo, sabe? Não deu aquela sensação de terror que paralisa, como nos filmes, ou a tensão e o frio na espinha que eu geralmente associo aos livros do gênero. O que eu senti estava mais para desconforto e estranhamento do que para o medo em si, acho. Mesmo assim, Emily Carroll fez um bom trabalho.

O trabalho gráfico da Darkside Books é impecável como sempre, tanto na edição de capa dura quanto nos postais que vieram junto. Sem uma grande carga de terror, essa coletânea de contos de fada bizarros me lembra aquelas histórias para se ler em volta da fogueira de um acampamento. Considerando o preço, a velocidade com que se termina e a (leve) decepção que senti, não sei se recomendaria a leitura. A experiência não é ruim, mas diria que é por sua conta e risco.

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